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III Festival de Órgão de Braga
de 6 a 15 de maio de 2016
A paixão do Homem pela Música é intemporal. Desde a mitológica história da flauta de Pan, até à invenção do hydraulos, pelo engenheiro de Alexandria, Ctesibios, em 250 a.C., que o Homem procura (re)produzir som recorrendo à passagem do ar por tubos. Podemos então situar o aparecimento do “rei dos instrumentos, embora de uma forma ainda primitiva, na Antiguidade Clássica.
Mais tarde, a civilização Romana, encanta-se pela capacidade expressiva deste instrumento que despertava os sentidos e as emoções. Talvez por isso a sua presença nas festas e mesmo nas lutas entre os gladiadores. Por esta última situação, durante muito tempo, os cristãos olharam com reserva para o órgão, já que muitos foram os que terão perecido nas arenas e era inevitável a associação do instrumento à perseguição ao cristianismo e às festas pagãs.
Na Era Medieval proliferam os pequenos instrumentos portativos e a sua presença era frequente tanto no ambiente das cortes, como no religioso. É contudo a entrada na Idade Moderna que vem a marcar para sempre o destino do órgão e a sua importância no mundo ocidental. As críticas luteranas sobre o descuido com o culto católico vem acelerar uma importante reforma no seio da Igreja de Roma. Em 1545 inicia-se o Concílio e Trento, onde se confere ao órgão o título de “instrumento da Igreja”. Não se fizeram tardar os ecos desta decisão e, por todo o velho continente, nas Catedrais e Mosteiros constroem-se os primeiros grandes instrumentos que, até ao apogeu do século XVIII irão sofrer numerosas reformas e melhorias, ajustando-os sempre à missão catequética que a Música é chamada a ter no culto.
Hoje, ao olharmos para estes testemunhos singulares do passado, compreendemos o papel que a Igreja conferiu à Música e, em particular, ao Órgão de Tubos na afirmação da Fé. A imponência e majestade destes instrumentos e da sua música eleva-nos para algo superior, a que frequentemente chamamos Arte. A Arte com que se trabalhou a Natureza, na madeira e no metal, para obter o som, mas também a escultura e a pintura que conferem às caixas todo o aspeto cénico de um caminho que aponta ao Divino.
No Festival de Órgão somos convidados a esta viagem pela Arte!
José Rodrigues
diretor artístico
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