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D. José Cordeiro

Arcebispo Metropolita de Braga

Mensagem

A temática da décima edição do Festival Internacional de Órgão de Braga reveste-se de particular importância para a tradição musical bracarense uma vez que se centra nos coros - "O Órgão e a Música Coral". O simbolismo associado ao número dez convida à avaliação do muito que já se construiu e do mais que falta ainda fazer.

Hoje, a Instrução Geral do Missal Romano, ao referir-se aos ofícios e ministérios na Missa, diz claramente: «entre os fiéis exerce um ofício litúrgico próprio o coro ou grupo coral, a quem compete executar devidamente, segundo os diversos géneros de cânticos, as partes musicais que lhe estão reservadas e animar a participação ativa dos fiéis no canto. O que se diz do coro aplica-se também, nas devidas proporções, aos restantes músicos e de modo particular ao organista» (n. 103).

É pertinente o que Santo Isidoro de Sevilha (560-636) escreveu no livro das Etimologias, uma verdadeira enciclopédia durante o primeiro milénio e parte do segundo milénio, acerca da música coral: «um coro (ou coral) são muitas pessoas reunidas para os ritos sagrados, e chama-se assim porque no princípio ficavam à volta do altar, em forma de coroa, e assim cantavam. Outros dizem que a palavra coro vem da concórdia que existe na caridade, porque sem caridade é impossível cantar respostas de forma harmoniosa».

O ato de cantar é intrínseco à Igreja que, desde a sua origem canta os Salmos e os Hinos. É também uma expressão comunitária que une os cristãos. A par das vozes que louvam a Deus com cânticos estão os instrumentos, dos quais se destaca o órgão que, pelas suas características foi reconhecido pela Igreja como o mais adequado para acompanhar a Palavra cantada.

Estes elementos, órgão e canto coral, são assim parte de um todo que é a Música e que o Festival deste ano pretende lembrar e homenagear. Numa época algo "desafinada" entre os seres humanos, o canto coral lembra que é possível que pessoas diferentes cantem "a uma só voz" e a vozes em plena harmonia! 

Santa Teresa de Ávila afirmou: «Eu costumo dizer muitas vezes que, por mínimo que seja o ponto de honra, assemelha-se ao canto de órgão: basta errar um ponto ou um compasso para destoar toda a música» (Santa Teresa de Ávila). Onde há oração, canto e música coral há esperança!

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